quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Gestores da Mobilidade Urbana, olha a cobra!





















"Bin ich auch eine klapperschlange?" Essa pergunta está escrita no VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) de Zurich, denominados de "Cobra" e projeto do grande estúdio de design italiano Pininfarina. Zurich é a cidade campeã mundial de qualidade de vida e o VLT é o veículo da mobilidade sustentável utilizado em nove das dez melhores cidades em qualidade de vida. No entanto, o VLT nada mais é do que o bonde moderno, operando numa faixa de capacidade de passageiros abaixo do metrô, acima do monotrilho e praticamente igual ao TRO – Transporte Rápido por Ônibus, um sistema de ônibus moderninho e cheio de bossa como o de Curitiba e Santiago.

Atualmente, devido a capacidade de ultrapassagem dos ônibus nos pontos de parada se diz que o TRO tem capacidade maior o que, aliado a um preço de implantação menor, parece uma combinação vencedora. Para cidades acostumadas com congestionamento o TRO é um avanço. E só. Barulho de motor, barulho de lona de freio vencida, cheiro de fuligem, de pneu queimado, paradas e curvas bruscas... tudo continua numa dose menor. Apesar de extremamente caro, o VLT retorna cada centavo investido pela cidade tornando-as mais prazerosas. Na América Latina, somente agora Brasília fez um contrato com a empresa francesa Alstom e com a construtora brasileira Mendes Junior visando a copa do mundo de 2014. No entanto, a grande novidade para as cidades de todo o mundo é o VLM (Veículo Leve Magnético), uma novidade brasileira projetada pela COPPE, o centro de pesquisas de classe mundial da UFRJ, que pela primeira vez utiliza a tecnologia de supercondutores para transformar o uso da levitação magnética em um eficiente meio de transporte urbano. É o Maglev-Cobra, que já tem a parceria do BNDES e terá uma pista experimental funcionando no ano que vem com uma linha no campus do Fundão.


Hoje, o transporte urbano é o grande responsável pela emissão de poluentes, o que leva a crer que os setores ambientais é que devem ser a vanguarda na luta pela mudança da matriz de transporte. Como a tecnologia é nacional, ele terá um custo de implantação significativamente menor que, aliado a um custo operacional menor, promete revolucionar o transporte urbano no próximo século. Antes, alemães e japoneses desenvolveram a tecnologia eletromagnética e eletodinâmica para transporte a altas velocidades, como o Transrapid implantado pelos alemães na cidade chinesa de Xangai e que circula a 450 km/h. A velocidade impressiona, mas a grande vantagem do VLM é mesmo o baixo impacto ambiental.




O Rio deve estrear o projeto e inaugurar uma linha comercial até 2011 entre o Aeroporto Santos Dumont e o Aeroporto do Galeão, mas sofre a concorrência de Manaus e outras cidades. Mas é Belo Horizonte quem tem tudo para sair na frente com uma linha de 4,5 km entre a Estação Vilarinho do Metrô e o novo Centro Administrativo de Minas Gerais, belíssimo projeto de Oscar Niemeyer e que a cidade ficou devendo um transporte a altura.

É hora das cidades brasileiras acordarem e participarem do projeto certo se querem participar da rede de cidades que oferecem qualidade de vida com dinamismo econômico. E se não querem levar uma picada no pé investindo no transporte errado. Afinal, a pergunta em alemão no VLT de Zurich brinca se além de Cobra ele não seria uma Cascavel.