quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Cuba no Rio – Lembrando os jogos Pan-americanos de 2007


A cidade do Rio fechou os jogos Pan-americanos com brilho. Apesar do atraso na conclusão dos espaços onde foram disputados os jogos tudo ocorreu dentro do esperado. Por 21 dias esquecemos a violência, o sub-emprego, o transporte ruim (clandestino ou não), entre outras mazelas. A cidade voltou a ser maravilhosa.

A equipe brasileira brilhou e conseguiu o melhor resultado desde o início dos jogos conquistando 54 medalhas. Desde os jogos de Caracas em 1983 estamos acostumados a ocupar o quarto lugar, exceção de Mar del Plata quando ficamos em sexto. Aproximamos também de Cuba que ficou em segunda com “apenas” 59 medalhas de ouro, o pior resultado desde México em 1965.

A queda de Cuba, na verdade, reflete a queda dos dois tradicionais rivais. Cuba e EUA vem perdendo espaço para os demais países americanos: de Habana para cá Cuba vem mantendo na casa das 60% das medalhas dos EUA. Se fossemos computar as duas medalhas certas perdidas para o Brasil em função dos deserdados do boxe a diferença para o Brasil aumentaria para 8 medalhas, mudando pouco o medalheiro.

O que não podemos deixar de reconhecer são os dados relativos, quando analizamos o total de medalhas em relação a população. Dos países com mais de 10 medalhas México foi o pior com menos de 2 medalhas para cada grupo de 10milhões de habitantes; Argentina, Brasil, Colombia e EUA aparecem com uma média de 3 medalhas; Venezuela com cerca de 5; Canadá com 12 e Cuba com 50!!

Esses três países merecem ser loados com destaque. Cuba e Canadá são dois países que centram seus focos de políticas públicas no ser humano e não na economia. Essa diferença fez com que o documentário “Tiros em Columbine” procurasse no Canadá razões para a diferença de violência entre Canadá e EUA. A Venezuela é o país mais novo a ter políticas sociais inclusivas, mas a diferença já se faz notar: o Brasil ultrapassou a Venezuela no ranking dos paises mais violentos.

Hoje, a pesar do forte bloqueio dos EUA, mas com a união dos países corajosos da América, como o Canadá e a Venezuela que estão comprando briga contra esse bloqueio criminoso, Cuba cada vez mais se insere na economia internacional. E olha que na época ninguém imaginava que apenas dois anos após os EUA teriam um lider como Obama.

No Rio, Cuba levantou poeira.

Olhar Bip-Bip

maio de 2008

É apenas um bairro,
Copacabana,
mas não é para amadores.
Das janelas dos ônibus, príncipes e rainhas observam o seu reino.
Nas ruas, covardes e guerreiros se encontram no sinal fechado
uns com seus carros blindados e outros com seus escudos de velho cobertor
Nas noites, nos bares,
encontros aterrorizam, mas também constroem pontes.

É apenas um bar,
Bip-Bip,
mas naquelas poucas horas
com velhos amigos comunistas e
alguns poucos revolucionários cubanos
embalados por chorinhos e charutos
o mundo parecia ter algum sentido.

É apenas um bar,
Bip-Bip,
mas quando Noemii (princesa?) entra
o bar silencia
E enquanto me fita
(olhos negros, olhos negros)
Paris e Havana silenciosamente
se digladiam e se comungam

É apenas um olhar,
mas enquanto tudo em volta paralisa
sua íris exibe hordas em combate
e filhos que nunca tive
Reflexos do meu cérebro em chamas

É apenas um bar,
Bip-Bip,
mas naquele instante
entre medo e esperança
a vida pareceu ter algum sentido

domingo, 20 de setembro de 2009

“Cidade dos Bondes” é premiada pela CBTU

Há cerca de 6 meses venho tentando abarcar as novidades dos últimos 10 anos do estado-da-arte e que ainda não foram apropriadas na prática nos estudos de transporte de Belo Horizonte visando sensibilizar o tomador de decisão na priorização de meios de transporte mais eficientes para o período 2009-2012.

Esse trabalho gerou uma monografia denominada “Cidade dos Bondes – uma nova mobilidade para uma nova cidade” e que acaba de ser premiada com o 1º lugar do concurso de monografias da CBTU com o tema “Transporte e desenvolvimento urbano”.

O esforço parecia inglório já que esbarrava em três problemas: conhecimentos já apropriados pelos técnicos, mas que não sensibilizava o faro político; corpo técnico refratário a novas ferramentas e, por último, buscar solução para problemas não formatados no escopo estrito do problema de transporte, mostrando que o enfoque multidisciplinar ainda está longe de ser realidade. Para superar todos eles, foi fundamental as opiniões emitidas pelos colegas da lista do GTDU nos últimos dois anos, com destaque para o Raul Lisboa, Nei Simas, Joaquim Aragão, Peter Alouche entre outros.

Novas ferramentas como Cidades Policêntricas, Transporte de alta-capacidade orientando o desenvolvimento e novas tecnologias como o Maglev se uniram a antigas ferramentas como transporte adequado à densidade do solo para alcançar metas externas ao setor transporte. É o que propõe a ONU com as Metas do Milênio e é o que proponho acrescentando ao problema de desenvolvimento econômico e de qualidade de vida a questão específica da segurança pública, expondo a especulação imobiliária como um agente no esquecimento de regiões. Nesse ponto foi fundamental o apoio da Dra. Miriam Gontijo e a categoria de análise de Espaço e Memória.

Como pano de fundo, a mudança das cidades modernas para pós-modernas deixando o legado da era do consumidor onde cada um pensa em otimizar a sua própria função de utilidade o que gerou um planejamento pulverizado e a “tragédia dos comuns” parece ser a realidade. Aos problemas oriundos das Ciências Políticas gostaria de agradecer os ensinamentos do Pedro Porfírio, Homero Jr. e do Maurício Cavalcanti, numa seara onde estado da arte e estado da prática caminham juntos. Não vou esquecer o melhor Jornal do Brasil.

E, por fim, um agradecimento mais do que especial aos amigos que foram obrigados a conviver comigo na Gerência do Planejamento da Mobilidade na BHTRANS, na Assessoria Parlamentar da Câmara de Vereadores de BH e, principalmente, na ONG transporte e ecologia em movimento – ONGtrem. A todos vocês eu dedico esse trabalho.